sábado, 8 de novembro de 2008

O bom viajante

O historiador que não quiser persistir no caminho da esquizofrenia (metodológica) deve reler Heródoto com mais atenção. Para Heródoto, o bom historiador deve ser, ao mesmo tempo, um viajante e um buscador de conhecimentos.
A palavra história quer dizer conhecimento e foi por aí que o "pai da História" começou: Heródoto viajou todo o Egeu e a Ásia Menor, a Pérsia, o Egito e a Babilônia. Na costa africana, foi até cirenaica (saudações a Thundavala!). Percorreu o Mar Negro. Passou os últimos 20 anos da sua vida na Península Itálica, em Túrioi (hoje Torre Brodognato), ao lado de Crotona, onde Pitágoras havia instalado sua escola, um século antes. O pesquisador é isso: um leitor inveterado e um grande viajante!
Tanto Heródoto, o velho viajante nascido em Halicarnassos, quanto Homero, que viveram numa época anterior à separação Oriente-Ocidente, vão continuar sendo lidos, independentemente de se saber se pode ser provada ou não a existência de Homero (como pensava Wilamowitz-Mollendorff) ou se os poemas que levam seu nome são de autoria individual ou coletiva (como pensava Wolf, no sec. 18). Os homens do futuro vão continuar se projetando psicologicamente nas aventuras de Ulisses com a ninfa Calipso, naquela ilha de sonhos e lendas, assim como Heródoto acreditava na "providência divina".
"O homem, como parte, não compreende o todo", diz Jung em suas memórias. Mas atenção, embora não compreenda o todo, o homem é subordinado a ele, diz Jung: " está a sua mercê!"
[ Da obra: Jazz em Jerusalém, de Victor Leonardi com citação de C. Jung, Memórias, sonhos, refelexões, op. cit.]

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