sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Queremos ser estimados pelas pessoas que estimamos

Enquanto pude julgar favoravelmente os homens, ou pelo menos certos homens, os juízos que eles faziam a meu respeito não me podiam ser indiferentes. Via que os juízos do público são muitas vezes justos; mas não via que essa justiça resultava do acaso, pois as regras sobre as quais os homens fundamentam as suas opiniões são extraídas apenas das suas paixões ou dos seus preconceitos e que, mesmo quando ajuizam bem, é frequente que esses bons juízos nasçam de um mau princípio. Assim como acontece quando fingem honrar o mérito de um homem, não por espírito de justiça, mas para se dar "ares de imparcialidade", ao mesmo tempo que caluniam à vontade esse homem...
Compreendi que os meus contemporâneos eram, em relação a mim, nada mais do que seres mecânicos que não agiam senão levados pelo impulso e cuja ação eu só podia calcular pelas leis do movimento. Fosse qual fosse a intenção, a paixão que eu tivesse admitido existir nas suas almas, jamais teriam explicado a sua conduta para comigo. Foi por isso que as suas disposições interiores passaram a não significar nada para mim; passei a não ver neles mais do que massas que se movimentam, desprovidas, a meu respeito, de qualquer moralidade. 
Jean-Jacques Rousseau

Bonjour!

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